Projeto realizado com o apoio da LEI ALDIR BLANC
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Estado da Cultura
Governo Federal
O ciclo dos Choros e o ciclo das Bachianas Brasileiras são as obras mais representativas da poética composicional de Heitor Villa-Lobos. Ambos constituem ciclos de obras desiguais, tanto em dimensões como também na utilização instrumental – os Choros 1, 2, 4 e 7 são composições camerísticas; o Choros nº 5 foi escrito para piano solo; os demais são obras orquestrais e/ou corais. O Choros nº 10 tornou-se a obra vocal-sinfônica mais célebre do compositor, pois apresenta a gênese composicional de Villa-Lobos: a evocação da natureza e a transfiguração da expressão artística popular na síntese mestiça das manifestações étnicas da cultura brasileira – do índio, do negro e do branco – em uma composição matizada por processos impressionistas.
A obra é dividida em 3 partes principais: a primeira e a segunda constituem movimentos orquestrais de expressão pictórica – sons inspirados na natureza compõem um quadro tropical, desde a delicadeza de sons de pássaros e insetos à selvageria inerente ao instinto animal, numa floresta de sons de grande impulsividade. O elemento melódico mais marcante nas duas seções iniciais estará presente em toda obra: trata-se de uma canção de ninar dos índios parecis recolhida por Roquette Pinto denominada “Mokocê maká”, que é obsessivamente transfigurada, modificada e variada. A parte final constitui o “chôro” propriamente dito, quando as três etnias são representadas integradas numa composição exuberante: o ritmo marcado da percussão apresenta uma característica nitidamente afro-brasileira; o coral inicia um canto obsessivo baseado no motivo indígena “Mokocê maká”, que apesar do texto não representar nenhum conteúdo semântico, ele apresenta fonemas típicos do tupi-guarani que, cantados com essa articulação e linhas melódicas, torna-se extremamente convincente como uma transfiguração de cantos indígenas. A composição é completada com a entrada da melodia “Rasga o Coração”, uma modinha de acento luso-brasileiro que remete à influência cultural dos colonizadores brancos europeus. Trata-se do elemento mais controverso da obra, uma vez que, tendo sido composta por Anacleto de Medeiros (antigo colega de Villa-Lobos dos choros da noite carioca) e o texto escrito por Catullo da Paixão, inadvertidamente apropriou-se Villa-Lobos desta música sem informar seus verdadeiros criadores, resultando em um questionamento jurídico de direitos autorais. Em essência, Villa-Lobos foi fiel à prática dos chorões – cantar melodias ininterruptamente, improvisando e variando a piacere. O resultado da “perícia” foi que, melodicamente, não foi constituído plágio, uma vez que Villa-Lobos fez “adaptações” rítmicas e melódicas em relação à obra original. Quanto ao uso do texto de Catullo da Paixão, não houve argumentação que o sustentasse – o Choros nº 10 teve sua execução com o texto de Catullo prescrita, e a 1ª edição francesa da obra teve que ser reimpressa substituindo o texto em português por uma vocalização da letra “a”. Aqui apresentamos a obra original, sabendo que o subtítulo “Rasga o coração” é com justiça atribuído a essa obra monumental.
Um ano após participar da Semana da Arte Moderna em São Paulo em 1922, Villa-Lobos vai para Paris, onde tem contato com artistas e com a música impressionista. As marcas do impressionismo tornaram-se parte de seu pensamento musical, especialmente a utilização de paralelismos melódicos e escalas exóticas, fundindo-se com o ritmo e a vitalidade da música brasileira. Assim, são inúmeras as relações entre a música de Villa-Lobos e de Ravel. O célebre Boléro foi composto a pedido da bailarina Ida Rubinstein para uma coreografia baseada em temas folclóricos espanhóis. Estreada em Paris em 1928, a obra era considerada por Ravel um exercício de orquestração, pois sua estrutura é simples, baseada na mera alternância de duas frases musicais. Entretanto, essa aparente simplicidade revela a síntese da música impressionista, cujos contornos melódicos são “esfumaçados” pelo paralelismo das linhas instrumentais, criando espectros cromáticos diferenciados a cada repetição da melodia, inicialmente com timbres suaves e delicados, amplificando-se gradualmente até a conclusão monumental da orquestra completa tocando em fortíssimo.
Luciano Camargo
Violinos
Kleberson Buzo (spalla)
Laércio Diniz
Anderson Cardoso
Jair Guarnieri
Karen Crippa
Letícia Andrade
Mariya Krastanova
Nikolay Iliev Iliev
Thais Morais
Tiago Paganini
Violas
Tiago Vieira
Camila Ribeiro
Elisa Monteiro
Gilvan Calsolari
Violoncelos
Denise Ferrari
Franklin Martins
Gustavo Lessa
Natalia Bueno
Contrabaixos
Paulo Brucoli
Cleber Castro
Flautas
Ana Gaigalas
Brenda Carvalho
Oboés
Rafael Felipe
Tatiana Mesquita
Clarinetes
Leirson Maciel
Tiago Garcia
Fagotes
Osvanilson Castro
Patrícia Mastrella
Saxofone
Douglas Braga
Trompas
Vitor Ferreira Neves
Flavio Faria
Weslei Lima
Trompetes
Amarildo Nascimento
Michel Machado
Trombones
Leandro Febras
Agnelson Gonçalves
Jonathan Xavier
Tímpanos e percussão
Marcel Balciunas
Leandro Lui
Marco Monteiro
Harpa
Talita Martins
Piano
Juliana Ripke
Sopranos
Ana Paula Costa
Frederica Melica
Hellen Campos
Ines Moutinho
Lavínia Giampa
Lilian Mitter
Marcia Kobata
Maria das Graças Campanari
Maria Cristina Alves
Mariane Yoshigaye
Maricene Pereira
Mariza Leoni
Meire Cidade
Mika Ono
Miriam Celestino
Miriam Perazzio
Rosimeire Vieira
Rosiris Vieira
Solange Valls
Teresinha Santos
Thereza Branco
Contraltos
Adriana Reis
Ana Lucia Novaes
Graziela de Paula Lucas
Kaliny Aquino
Leny Menta
Lilian Borges
Livia Mund
Maria Cristina Vercelli
Miriam Veiga
Norma Almeida
Sandra Stech
Silvana Passos
Sonia Policarpo
Tatiana da Silva Lima
Thais Rodrigues
Valdecir Rosa
Valeria Viesti
Wakyria Bombonato
Yoshiko Sassaki
Tenores
Alexsander Ribas
Antonio Pádua Fernandes
Diogo Feitosa
Fabio Andrade
Felipe Umbelino
Oady Almeida
Paulo Gonçalves
Raphael Tessarotto
Baixos
Ari Lima
Eliezer Abade
Fabiano Nóbrega
Gabriel Gonzales
Linardi Abbamante
Luis Martins
Ronaldo Mariconi
Preparador Vocal
Chico Campos
Monitor convidado
Bruno Costa
Adanias Sousa
Adolpho Leirner
Affonso Risi Junior
Alba Regina
Alex Castilho
Andrelina Gonçalves
Annibal Rebello
Claudia Dornbusch
Claudio Rossi
Donzila Bonati
Eliane Becker
Elisa Amorin Lanzoni
Elisangela da Cruz Santana
Elizete Guimarães
Fábio Andrade
Federica Melica
Fernando Aires
Fulvia Leirner
Heloisa Helena Garcia
Iracema de Oliveira
Itania Batista
Ivani J C Massari
Jaqueline Leirner
Jose Calos Furia
Julieta Widman
Lavinia Giampá
Leny Menta
Lilian c massari
Lívia Susehmil
Marcia Kobata
Maria Campanari
Maria de Fatima Alves
Maria Tereza Batalha
Marina Moreira Sampaio
Mariza Leoni
Miriam Veiga
Nair Ikeda
Rosa Marina Avilla
Rosana Paulon
Sandra R M Stech
Sigmar D. Guimarães
Silvana Passos
Silvia Cassilha
Solange Uehara
Sueli Mirabelli
Tania Maria
Teresinha E dos Santos
Valdecir Rosa
Walkyria Bombonato
Especialista no repertório vocal-sinfônico, Luciano Camargo tem se destacado na área operística dirigindo as produções de La bohème, A Flauta Mágica e Carmen no Teatro Bradesco. É formado em regência orquestral pela ECA-USP e mestre e doutor em música pela mesma instituição. Cursou aperfeiçoamento com Klaus Hövelmann e Peter Gülke em Freiburg (Alemanha) e Ira Levin (Brasil), tendo recebido também orientação de Roberto Tibiriçá, Roberto Duarte e Osvaldo Ferreira. Foi Diretor de Música Sacra da St. Peter und Paul Kirche Freiburg (Alemanha) de 2000 a 2002. Atuou frente a importantes orquestras brasileiras, sendo que desde 2003 é o Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Acadêmica de São Paulo e do Coral da Cidade de São Paulo, tendo realizado mais de 100 concertos, incluindo a montagem da ópera “Orfeu e Eurídice” de Gluck no Theatro São Pedro. Foi assistente do Maestro Ira Levin no I Festival Internacional de Brasília (2005) e um dos participantes selecionados para o II Prêmio OSESP de Regência Orquestral (2006). Em 2007 realizou estágio acadêmico em regência orquestral no Conservatório Estatal “Rimsky-Korsakov” de São Petersburgo (Rússia) na classe de Mikhail Kukushkin. Desde 2017 é professor de regência na Universidade Federal de Roraima.
Luciano Camargo
Irani Celestino
Jessica Bononi Baquero
Francisco Campos Neto
Oady Lohan
Andressa Braga